quarta-feira, 30 de julho de 2014

Pensamento...


        Pensando no valor de um trabalho artesanal ou artístico, muitos poderiam citar valores em moeda (R$) ou quem sabe empregariam uma utilidade, ou até mesmo inutilidade. Mas, se aprofundarmos no sentido de um trabalho feito artesanalmente seria difícil calcular o seu real valor. Isso porque em cada peça produzida por um artesão ou por um artista é usado muito mais que matéria prima, muito mais que criatividade, que conhecimento, do que técnica, as peças são produzidas com a inspiração do artesão ou do artista. Poderíamos até fazer uma analogia com o ato de inspirar o ar para dentro dos pulmões, o que garante a vida de uma pessoa, processo esse que faz parte do movimento natural da respiração, com o ato de uma pessoa se inspirar para produzir algo, partindo de sua 'inspiração' ele garante o processo de respiração da própria alma.  
        Diante dessa constatação, como seria possível mensurar o valor de uma obra de um artesão ou de um artista? 
        _Para quem as faz é a própria garantia de sobrevivência saudável da alma. E para quem as recebe, as compra, ou simplesmente as presenteia? 
        _Para quem consegue olhar um objeto além dele mesmo, consegue ver as impressões digitais da alma de quem os produziu. Para esse, um objeto não é uma simples peça de decoração, ou utilidade, pois tem nessa peça uma extensão do artista, da sua alma, da sua história, como se essa peça tivesse vida, construída com a história do artista e com a história do seu novo dono. O que torna esse objeto uma biografia silenciosa da própria vida. Não são assim as peças encontradas em escavações pelos arqueólogos? O objeto recém achado não é capaz de contar a história de um povo? Assim também um dia escavarão e encontrarão parte de nossa história atual imprimida em peças produzidas por nós que contarão muito a respeito do nosso modo de viver, na forma de pensar, no estilo de valorizar e tudo mais que nos possa caracterizar. Eis a grande importância de valorizar o trabalho do artesão e do artista, não simplesmente como peça rara, exclusiva, mas porque neles estão impressas nossa própria maneira de viver, de conviver, de existir, de coexistir...